Propósitos num MTT e os Stacks Fisico e Mental - Parte-II
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em 27-06-2012 às 15:18 (1263 Visitas)
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Não farei absolutamente nenhuma afirmação, até porque, como sabem, não sou portador de crenças de nenhuma espécie, mas estudo há muitos anos
as alegações de fenômenos anômalos, o conhecido fenômeno Psi. O que segue é somente a constatação de uma experiência que pode ter sido única, ou não.
Amigos, se a mente humana é capaz de interagir com o meio, de alguma forma que seja, é exatamente nesses momentos que isso acontece.
Enquanto o board se abria e exibia cartas que não me favoreciam, não existia em mim nenhum sentimento que me apontasse o final da minha jornada naquele torneio! Caso leiam novamente o relato dessa experiência, que fiz assim que retornei a São Paulo, notarão isso.
E o meu valete veio no river. Menos de 3% de probabilidade de acontecer, e aconteceu, porquê? Simples coincidência? Pode ser. Como disse não
farei aqui nenhuma afirmação. Mas os reis do Akkari também vieram naquele seu último all-in que lhe deu o bracelete do mundial, e ele entrou na mão dominado, com KQ x A9, lembram-se? Declarou, depois, que os reis não o abandonariam, e que seu nick com os dois "K's" representavam isso!
Eu não tinha, naquele momento, nehuma dúvida, nenhum conflito que seja sobre triplicar as minhas fichas, ou o meu stack fisico, para aproximá-lo do
stack mental, porque este era o único que me valia alguma coisa rumo ao meu propósito. Garantia de ITM em 180k fichas. Meu stack fisico após essa mão: 180k fichas.
Esse conceito de "Stack Mental", cujo valor para os nossos propósitos em um MTT live é bem diferente do stack fisico à nossa frente nas mesas, ficou
para mim tão claro naquele torneio, que, assim que atingi meu propósito ao entrarmos no ITM, fui o primeiro a cair. Fiquei na 36a colocação, quando
começava o ITM! Interessante também notar que, na mão que me derrubou, meu adversário foi all-in com toda a certeza de estar na frente com os seus 88 contra os meus 77. Ele tinha certeza absoluta de estar na frente e, para mim, perder o stack fisico não faria mais diferença ao meu propósito. Já o havia atingido!
Do meu lado, ao cair cumprimentei os jogadores que seguiam à mesa e saí dali feliz da vida, com o meu propósito alcançado.
Pretendo jogar novamente o BSOP, dessa vez o de São Paulo, e pretendo também utilizar passos rumo a um propósito maior, mas ainda não muito claro para mim. Por falta dessa clareza de objetivos maiores, pretendo fazer o seguinte: ...adicionarei passos aos meus objetivos, e reajustarei meu stack mental a cada objetivo alcançado. Isso quer dizer que deverei trabalhar com vários outros passos, quer sejam:
Passo-1: Estar lá (rsrsrs), ou classificar-me no satélite live na véspera do BSOP;
Passo-2: Sobreviver ao dia-1;
Passo-3: Entrar em ITM;
Passo-4: Chegar à Mesa Final;
Passo-5: Ganhar um dos troféus (ficar entre os 3 finalistas);
Passo-6: Ganhar o torneio (o bracelete).
A cada um desses passos, uma vez vencidos, meu stack mental precisará ser ajustado para o próximo passo, ou meu inconsciente entenderá que o
meu propósito já terá sido alcançado. Aqui certamente o Abominável poderá assumir as ações, e isso é o que precisarei evitar.
Uma vez que você já tenha chegado a algo de valor em um evento cíclico, numa próxima experiência não irá querer retroceder. Vamos ver qual dos
propósitos e seus respectivos stacks mentais conseguirei firmar na minha mente.
Aqui reside o motivo pelo qual os grandes jogadores, que já passaram por experiências de grandes resultados, nas próximas serem tão focados nos
maiores propósitos. Assim, caem logo no início dos torneios ou chegam cada vez mais longe. Quando não conseguem passar de determinados
passos rumo aos seus propósitos, é certamente porque acabam enfrentando jogadores que conseguiram, naquele evento, firmar seus valores de forma ainda mais sólida e menos conflitante. Aqui eles caem.
Isso, amigos, é o que leva um Phil Hellmuth a ganhar 12 braceletes.
Eles não têm medo de colocar em risco milhões de fichas com J9, porque o seu stack mental precisa ser reajustado, ou o seu stack fisico precisa
alinhar-se ao stack mental. Em outras palavras, seus objetivos maiores estão traçados para bem além do resultado daquela mão que nos
pareceu mal jogada, embora vencida.
Quem já esteve lá sabe o caminho, e um dia volta. Somente dependerá de quem estiver consigo nessa nova jornada. Caso enfrente um corredor
melhor preparado (mentalmente falando), precisará experimentar mais vezes.
Fichas fisicas e fichas mentais, somente no live a gente consegue sentir isso. Mais um sutil atributo dessa fantástica nobre arte.
Espero ter conseguido passar para vocês ao menos um pouco desses conceitos. Sei que é difícil perceber a diferença, até porque trata-se de
um "sentimento", muito mais que simples matemática. E traduzir sentimentos em palavras é sempre muito difícil.
Espero que ao participarem de MTT's live de destaque possam, ao retornarem, confirmar esses sentimentos.
Fortes abraços, votos de sucesso, e obrigado por me haverem permitido escrever tantos posts nesse nosso querido clubinho!