OMS – Classifica recentemente o game como distúrbio mental

prof_anselmo: Em interessante matéria disponível em https://vivabem.uol.com.br/noticias/bbc/2018/01/02/pela-primeira-vez-vicio-em-games-e-considerado-disturbio-mental-pela-oms.htm

A OMS, classifica o vício em games um distúrbio mental.

E agora levanto a questão. Isso se estende a nós jogadores de poker?

Ali está contido que pessoas que preferem o game à vida social, podem estar acometidas desta doença.

E aí o que você acha?
Deixe aqui sua opinião.

No meu ponto de vista, tudo em excesso faz mal. Os extremos nunca são saudáveis.
E os jogadores profissionais, como se enquadrariam aqui?

VineKings: Estudo psicologia e, além disso, um grande autor denominado Foucault. Creio que as doenças mentais podem certamente serem fabricadas de acordo com crenças que se modificam com o decorrer dos anos e isso quer dizer que, ao invés de “reais” “doenças”, classifica-se as pessoas de acordo com determinados interesses, muito peculiares a cada momento histórico.

Penso que se pode pensar em distúrbio quando isso se torna um malefício, como quando se torna a única atividade do sujeito. E, mesmo assim, a origem ou culpa não está no poker, mas sim em condições exteriores que fazem com que essa atividade seja a única prazerosa. Dificilmente um problema se origina de maneira tão clara e concreta, se é que ele existe de fato, rsrs.

prof_anselmo: Maravilhosa colocação VineKings , concordo em grau número e gênero com você.
Eu não sou da psicologia exatamente, mas tenho formação em hipnoterapia, pnl, entre outras coisas.

E entendo perfeitamente isso que você disse e a relação com o consciente e subconsciente.
Basta a pessoa acreditar, ou deixar-se acreditar no que dizem, para ela somatizar aquilo.

Evidentemente, como bem colocou você, existe sim os distúrbios, por isso a equilibração é um caminho ponderado. Muito obrigado por contribuir, para a discussão que trouxe para o fórum.

zerko: Vejo isso como um avanço no entendimento desse fenômeno tão atual, é importante estuda-lo, e o fato dele estar no CID ajuda a conseguir subsídios para isso. Porém, tenho algumas considerações.

Primeiro, a medicalização. É perigoso quando algo ganha a alcunha de “distúrbio”. Podemos pegar o exemplo do TDAH, em que chegamos ao ponto onde uma criança vai a um especialista com uma dificuldade de aprendizagem, seja de qual natureza for, e, sem os devidos acompanhamentos, os pais saem de lá com um diagnóstico pronto e com uma receita de ritalina pro ano. O que quero dizer é que sempre terão discursos patologizantes, que ignoram o ser humano por trás do distúrbio, junto com suas infinitas características contextuais, e definem-o apenas no que diz respeito à dita doença. Como será que isso impactará as famílias? Pais que vêem seus filhos jogando algumas horas a mais do que acham conveniente, forçando-os a se internar em clínicas de recuperação? Afinal, eles têm poder para isso.

Em resumo, meu medo é que preconceitos e visões deturpadas do hobby de jogar videogame possam levar à ações exageradas e baseadas puramente em “eu acho que ele joga demais”. Sobre isso, a matéria fala apenas de videogames, por que não se fala, no Brasil, em vício de futebol? Porque futebol é “normal”. Como o amigo disse acima, é bom lembrar que esse tipo de definição segue uma lógica que serve propósitos muito maiores do que apenas a definição da doença em si.

Um debate que tive uma vez quem e fez pensar muito: Imagine alguém que joga videogames o dia todo, adora fazer isso, tem bons amigos que só conhece pela internet e conversa com eles todos dias. Digamos que essa pessoas está feliz com essa situação, ou seja, não sente falta de sair, pois seus amigos e/ou familiares estão longe. Usando os critérios diagnósticos da reportagem, digamos que ela jogue sempre que tem chance, à todo momento se puder, parando apenas para necessidades básicas e que priorize os jogos a outras atividades. Supunha que sua condição financeira é ótima e que não precisa trabalhar.

Essa pessoa está em uma situação ruim? Você pode me dar respostas como “mas ninguém vive sozinho, todo mundo gosta de sair, conversar, se relacionar”, será? E se ela realmente estiver feliz assim?

VineKings: prof_anselmo Muito bacana, entendo, com certeza. Cada campo do saber dará seu ponto de vista sobre este fenômeno, somente pondero que nesse processo existe a tendência mesma de, cada um ao seu modo, reclassificar ao invés de esclarecer. Acabo que tomando muito cuidado com dizer o que é e o que não é, por isso não trabalho muito bem com esses vertentes (psicologizantes, biologizantes, etc)

Sobre a medicalização, de fato, este é um problema que se estende para muitos lugares, por sorte, existe também um movimento antimedicalização igualmente forte. Espero que não seja diferente para essa nova classificação da OMS.

zerko Faço as mesmas considerações que você no decorrer do post. Sua pergunta no final é bastante pertinente. Só existe o anormal pois existe o normal. A loucura do séc. XVII era bastante distinta da do séc. XVIII, bem como esta diferença ia se mostrando no decorrer dos séc. seguinte, neste mesmo ciclo. Seria, pois, pertinente considerar que essa nossa “atualidade” é a dona da verdade? Creio que não, imagino que daqui a poucos anos novas classificação estejam presentes. Também me preocupa que com essas novas diretrizes o senso comum acabe por cair no simplismo de achar aquele ou este doente e com isso transformem a vida de alguém nalgo pior.

Grande discussão! Abraço!

VIVÃO: Os sintomas dos distúrbios incluem: não ter controle de frequência, intensidade e duração com que joga videogame; priorizar jogar videogame a outras atividades; continuar ou aumentar ainda mais a frequência com que joga videogame…

Homem morre após jogar videogame por três dias seguidos | Pagenotfound – O Globo

O homem que passou 115 horas seguidas jogando Poker para ajudar pessoas doentes e suas famÃ*lias | Hypeness – Inovação e criatividade para todos.

Eu gosto mais de usar musicas nos debates.. como diria o Matanza – o Segredo é a moderação.. bebo dia sim , bebo dia não..

O que aprendemos com essa frase? Que se não for moderado e consciente até o consumo de água faz mal.

Professor pergunta se da pra estender ao poker.. como mostrado acima eu diria que sim, mas, no futuro vamos ver muita gente abrindo mão do mundo “real” pelo mundo “virtual”, pois, nem todo mundo ve a graça que vemos nessa estrutura aqui.

prof_anselmo: Muito obrigado pelas contribuições.
E realmente apresentam propriedade o ponto de vista de vocês.

Eu queria realmente ter esse esclarecimento, para poder pensar melhor a temática e formular uma opinião mais embasada.

Os extremos é que são perigosos. Achar o equilíbrio em tudo é o caminho.

muitas crianças, são praticamente analfabetas motoras. não brincam, não interagem, não correm. Como eu costumo falar, são criadas com vó, com poodle e em apartamento. Precisam sair da frente da tv, vídeo game, entre outros.
vivemos uma pandemia de obesidade, mortes por DCNTS 72 % de mortes são causadas por elas. precisamos repensar o quadro e promover uma melhor qualidade de vida, e isso passa por mudanças como por exemplo, tirar as crianças do quadro de sedentarismo.
E realmente é um tema importante a ser discutido, pois a tecnologia está aí e ela é extremamente sedutora.

Dejalbas: Em interessante matéria disponível em https://vivabem.uol.com.br/noticias/bbc/2018/01/02/pela-primeira-vez-vicio-em-games-e-considerado-disturbio-mental-pela-oms.htm

A OMS, classifica o vício em games um distúrbio mental.

E agora levanto a questão. Isso se estende a nós jogadores de poker?

Ali está contido que pessoas que preferem o game à vida social, podem estar acometidas desta doença.

E aí o que você acha?
Deixe aqui sua opinião.

No meu ponto de vista, tudo em excesso faz mal. Os extremos nunca são saudáveis.
E os jogadores profissionais, como se enquadrariam aqui?

Acho que o poker, aumenta a capacidade mental, sou estudante de programação, quando comecei a jogar poker, melhorei muito meus estudos, concordo que tudo em excesso é errado, até mesmo estudar…, quanto aos jogadores profissionais, não conseguiriam ser profissionais se não tivessem uma vida social, e pensassem somente em jogar.

zerko: Os sintomas dos distúrbios incluem: não ter controle de frequência, intensidade e duração com que joga videogame; priorizar jogar videogame a outras atividades; continuar ou aumentar ainda mais a frequência com que joga videogame…

Homem morre após jogar videogame por três dias seguidos | Pagenotfound – O Globo

O homem que passou 115 horas seguidas jogando Poker para ajudar pessoas doentes e suas famÃ*lias | Hypeness – Inovação e criatividade para todos.

Eu gosto mais de usar musicas nos debates.. como diria o Matanza – o Segredo é a moderação.. bem dia sim , bem dia não..

O que aprendemos com essa frase? Que se não for moderado e consciente até o consumo de água faz mal.

Professor pergunta se da pra estender ao poker.. como mostrado acima eu diria que sim, mas, no futuro vamos ver muita gente abrindo mão do mundo “real” pelo mundo “virtual”, pois, nem todo mundo ve a graça que vemos nessa estrutura aqui.

Concordo em gênero, número e grau.

Meu ponto foi mais uma crítica à própria abordagem da saúde e à como isso impacta a sociedade.

Vejo que muita coisa que é taxada como distúrbio, ou algo do gênero, passa a sofrer um estigma enorme, tanto por parte de profissionais quanto da sociedade. É como se passassem a olhar pra essa pessoa como um “erro”, alguém que precisa se isolar/internar, para só então voltar “curado/a”. É bem o que Foucalt fala na história da loucura: começou com a lepra, foi pras doenças venéreas e depois pra loucura. Isso é visto não apenas como um problema de saúde, mas também moral!! Desde então sempre há os bodes expiatórios, como TDAH…Mas tô sendo bem pessimista mesmo, de modo algum acho que essa discussão não deva acontecer e que a sociedade não deva encarars essas questões. O mundo digital está aí pra ficar, cabe à cada área do conhecimento tomar uma posição frente à isso, só espero que prevaleça algo positivo, que esteja sempre focado no melhor para todos, e não em reforçar estigmas e apenas segregar usando diagnósticos como base para isso.

Como todos falaram, o vício é algo presente em tudo, de sexo à compras, na minha opinião isso é algo bem mais profundo que apenas uma ou outra característica do objeto do vício. Como falado, o ambiente virtual é muito atraente. Lembro de ser adolescente, jogando meus MMOs da vida, e pensar que poderia fazer aquilo a vida toda sem problemas kk

zerko: Achei a versão beta do CID, se alguém se interessar. São duas categorias “gaming disorder” e “hazardous gaming”

Description
Hazardous gaming refers to a pattern of gaming, either online or offline that appreciably increases the risk of harmful physical or mental health consequences to the individual or to others around this individual. The increased risk may be from the frequency of gaming, from the amount of time spent on these activities, from the neglect of other activities and priorities, from risky behaviours associated with gaming or its context, from the adverse consequences of gaming, or from the combination of these. The pattern of gaming is often persists in spite of awareness of increased risk of harm to the individual or to others.

Description
Gaming disorder is characterized by a pattern of persistent or recurrent gaming behaviour (‘digital gaming’ or ‘video-gaming’), which may be online (i.e., over the internet) or offline, manifested by: 1) impaired control over gaming (e.g., onset, frequency, intensity, duration, termination, context); 2) increasing priority given to gaming to the extent that gaming takes precedence over other life interests and daily activities; and 3) continuation or escalation of gaming despite the occurrence of negative consequences. The behaviour pattern is of sufficient severity to result in significant impairment in personal, family, social, educational, occupational or other important areas of functioning. The pattern of gaming behaviour may be continuous or episodic and recurrent. The gaming behaviour and other features are normally evident over a period of at least 12 months in order for a diagnosis to be assigned, although the required duration may be shortened if all diagnostic requirements are met and symptoms are severe.

Autor original: prof_anselmo.

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