Entrevista: DonVitche pós BSOP Rio Quente 2011

Marcelo: Alô pessoal. Vejam abaixo a ótima entrevista com o DonVitche.

Podem fazer perguntas extras se quiserem, ou comentários, é claro.

(entrevista realizada por Raphaelzani)

PD: Você conseguiu a vaga da forma mais difícil possível que foi através do freeroll, você realmente acreditava desde o inicio que pegaria esta única vaga oferecida? Se não, a partir de que momento do torneio você viu que tinha chances de puxar a vaga?

DonVitché: Depende do ponto de vista. Essa não me parecia a forma mais difícil para conseguir a minha vaga, porque era a minha única opção. Nem com os satélites pagos do FT eu poderia contar porque não haveria bankroll para isso.

Você deve estar lembrado, Rapha, quando no ano passado tentamos juntos esses satelites em que você acabou conseguindo a sua vaga, mas eu quase acabei com os meus créditos (trocados do PS com o Bobkirst), e não consegui. Naquela época eu havia guardado 4 bilhetes para esses freerolls, mas não consegui chegar nem perto. Mas isso aconteceu há vários meses, e durante esse período acredito que tenha aprendido muita coisa sobre poker aqui no PD. Como disse no post que anunciei havia ganho o meu bilhete, nesse free usei TUDO o que aprendi aqui com vocês.

Mesmo assim, claro que não iniciei o torneio achando que iria conseguir vencê-lo, porque nesses frees o inicio é sempre muito tenso e o pessoal entra em muitas “baralhadas”. Mas um dos melhores aprendizados que obtive naqueles coachs do Anselmo e também com você foi a paciência para entrar nas mãos sempre em posição e com boas mãos iniciais. Aprendi também a importância de se ter uma estratégia adequada a cada mesa e, sempre que possível, a cada oponente.

Outra coisa que trago sempre em mente durante os mtt’s é que nos números do Looby do Torneio o que deve me balisar é a Media e não os Stacks dos Lideres, principalmente durante as fases inicial e media. Isso porque, normalmente, não são esses caras que vencem os torneios, a menos que consigam ajustar o seu método para diminuir a quantidade de mãos jogadas. Eles, via-de-regra, fazem o contrário dos vencedores, que iniciam muito tight e depois vão se soltando na medida em que o field diminui e os potes compensam pelo aumento dos blinds.

Senti que poderia vencer aquele free quando ficamos em somente 26 jogadores, num field inicial de 270. A partir dali iniciou o sentimento de que realmente seria possível manter o ritmo e buscar a vaga. E deu tudo certo. Foi emocionante terminar em primeiro!

PD: Ficamos sabendo que depois de conseguir a vaga você teve algumas dificuldades para poder realmente participar do BSOP, pode nos contar um pouco mais dessas dificuldades?

DonVitché: Bem, amigo Rapha, essa parte tem a ver com a minha história de vida. Quando entrei naquele free para tentar a vaga, não o teria feito se soubesse que ainda não era a etapa de São Paulo, porque sabia que não teria como ir para Goiás. O que veio a seguir vocês acompanharam nos posts feitos no fórum.

É que, depois de haver tido, ainda prematuramente, uma trajetória profissional de absoluto sucesso como empresário na área da informática de grande porte e ganho muito dinheiro, que me deu várias propriedades, como fazenda, lancha, criação de cavalos, imóveis alugados, vários carros, etc, quebrei muito forte no advento do Plano Collor, aquela famigerada apropriação das reservas privadas. Depois daquilo ainda tentei re-erguer diversas vezes e tive alguns momentos até razoáveis, mas não consegui me manter quando quebrei novamente em duas outras ocasiões – em derivativos da bolsa de valores – uma na crise da Ásia e outra na queda do Ministro Cavalo, da Argentina.

Porém, como tudo na vida tem também o seu lado bom, acabei aprendendo a administrar crises, que nada mais é do que “a arte de ganhar tempo”. É o que estou fazendo no momento, ao “driblar” alguns sérios problemas ainda financeiros, enquanto aguardo pelo sucesso na busca por investidores de um novo projeto.

Então não havia dinheiro em casa disponível para essa viagem.

Mas minha esposa e filhos, à quem sou muitíssimo grato, reuniram-se no intuito de não me deixarem perder a oportunidade, por saberem o quanto eu gosto do poker e como isso seria importante para mim. Não que achassem que eu poderia ganhar algum dinheiro com isso, mas, como me diziam: “…nunca se sabe!”. E assim aconteceu. Esse assunto me pressionou bastante a ter o próposito (único), de não voltar de lá “de mãos vazias”, e isso também acabou influenciando na minha forma incorreta de jogar a mão que me derrubou, afinal, já havia conseguido o que buscava.

PD: Passadas as dificuldades lá estava você em Caldas Novas para fazer sua estréia, como você se sentiu no momento em que chegou lá e viu todo o cenário preparado? Foi nessa hora que você realmente caiu em si e viu que tinha conseguido esse objetivo?

DonVitché: Essa sua pergunta soa para mim como uma perfeita afirmação. Rapha, o cenário é de fato deslumbrante! Quando me aproximei daquele mundo de glamour, comecei a me sentir importante de novo! Amigo, somente pelo resgate desse sentimento – meio que adormecido – e mesmo pelo breve tempo que durou, já teria valido todo o empenho.

E você descreveu o momento muito bem. Até ali a “ficha” ainda não tinha caído direito. Estava meio enroscada na canseira do ônibus que não chegava nunca, do japonês mentiroso e seu hotel sem transporte após as 19h30, do baixo orçamento da viagem e da falta de experiência no jogo live. Mas ali tudo isso se dissipou e senti haver iniciado um sonho antigo que era viver essa experiência de um grande torneio ao vivo.

PD: Quando começou a disputa, se sentiu intimidado pelos participantes da sua mesa, ficou com certo receio de jogar?

DonVitché: E como! rsrsrsrs

Fica de imediato muito visível a diferença entre os jogadores iniciantes e os experientes no jogo ao vivo. Preciso aprender e treinar muito os malabarismos com as fichas. Isso, em conversas depois com amigos que fiz nesse evento, relaxa bastante e impõe um certo “ar de superioridade”, cujo efeito é imediatamente sentido na mesa. Também a exposição de braceletes conquistados em outros torneios é muito usada nesse sentido.

Quando somos inexperientes e entramos num evento desse porte, uma boa parte das primeiras mãos precisam ser evitadas, ou teremos uma “tremedeira” na hora de manipular as fichas. Isso me obrigou a largar todas as cartas, mesmo para tentar defender os meus primeiros blinds, por uma ou duas órbitas inteiras. Mas depois, aos poucos, como sempre tento ser comunicativo e conquistar alguma simpatia, consegui relaxar a ponto de iniciar a minha participação. Isso não é difícil de se fazer quando estamos num ambiente repleto de pessoas que primam pela intelectualidade e que, por gostarem igualmente dessa Nobre Arte, denotam antemão haverem tido algum bom “berço”.

PD: Passado o dia 1 e estourado a bolha do ITM no dia 2 qual foi sua sensação?

DonVitché: Foram 3 sentimentos bem distintos que me ficaram, felizmente nenhum deles conflitante:

Primeiro o agradável sentimento da missão cumprida, sem percalços. Atingi o meu propósito principal.

Em segundo aquele gostinho de “quero mais”, e espero que a vida ainda me reserve muitos desses momentos mágicos.

O terceiro, este ainda em evolução, é o de que poderia ter sido ainda melhor. Porém, cumpre notar aqui a consciência que tenho de que ainda não estava preparado para ir mais longe, e pretendo trabalhar isso.

Marcelo: PD: Se arrepende de algo que tenha feito desde a 1ª mão do freeroll até a mão que você acabou caindo no BSOP? Se sim o que mudaria?

DonVitché: Falar em arrependimentos frente à tanta satisfação certamente não me caberia, mas em menor tom, aí sim poderia citar minha falta de experiência no live e saber que deveria ter atualizado meu propósito principal assim que o antigo foi conquistado. Mas, amigo Rapha, sentimentos são muito difíceis – senão impossíveis – de serem descritos, e daí a importância das experiências objetivas quando criam esses valores subjetivos. Desde Platão a humanidade já ouve falar sobre isso, mas nem sempre nos damos conta dessas sutilezas.

PD: Nesses dias em que esteve por lá, como foi a repercussão com a camisa do PD, muitas pessoas procuraram informações?

DonVitché: Sim, foram muitas. Como as pessoas na região de alguma forma sabiam que um torneio de poker estava acontecendo na “pousada” (nome que dão ao fantástico Rio Quente Resorts), ao verem símbolos de cartas do baralho na nossa camisa logo perguntavam se estava participando.

Também no evento muitos citaram já terem ouvido falar do PokerDicas, mas não sabiam ao certo do que se tratava. Acredito que seria melhor termos, junto ao nome “PokerDicas”, na camisa, também o canal “ponto.com”. Foram vários amigos que fiz, que prometeram ingressar no nosso fórum para trocar experiências. Vamos aguardar, nunca se sabe se de fato virão.

De qualquer forma, portar a marca do PD me fez sentir mais seguro. Foi um prazer e um grande privilégio!

PD: Ficou surpreso com toda a torcida do fórum no MeBeliska? Fale um pouco de como se sentiu quando soube que havia toda a torcida.

DonVitché: Poxa vida, rsrsrsrs, isso foi um item à parte em toda essa história. Nem acreditei quando o Raul, do MebelisKa, veio à minha mesa, já no primeiro dia, dizendo que finalmente havia me localizado porque a minha torcida estava grande. Isso foi gratificante demais! Acho que usei essa “força a mais” na minha tarefa, apesar de haver aumentado um pouco a responsabilidade em não fazer feio e cair muito no começo.

É bom demais saber que existem pessoas abrindo mão dos seus afazeres para acompanhá-lo e torcer por você. Agradeço demais a todos os amigos que me acompanharam. Não há dinheiro que pague por esse ato de carinho.

PD: Para fecharmos essa entrevista mande uma mensagem a todos os usuários do Fórum e Site PD.

DonVitché: Além de todos os agradecimentos que já registrei e que reitero, gostaria de deixar para vocês uma mensagem de grande otimismo neste fantástico mundo do poker que tanto gostamos. Muito diferente de ver pessoalmente um grande jogador de futebol, ou artista da TV, quando jogamos com aqueles caras que conhecemos das revistas e da internet o sentimento que fica é o de que podemos fazê-lo de igual para igual!

Então, amigos, acreditem nos seus “momentos mágicos”. Por haver conseguido fazê-lo e até me sair bem para uma primeira experiência, sei que poderei fazê-lo mais vezes. E, se eu consegui, o que os impede de também fazerem isso?!!!

Avante amigos PDers! Como disse Tom Hanks em “O Náufrago”, quem sabe o que a maré não poderá nos trazer amanhã?

Abraços!!!

RodBarreto: Parabéns mais uma vez Don!

Pode ter certeza que esses obstáculos sempre estarão presentes nas nossas vidas, mas só servem para que fiquemos cada vez mais fortes!

Vamo que vamo!

SraTowers: Menino! Sabe que toda vez que leio sobre essa sua conquista me dá uma vontade, cada vez maior, de aprender sobre esse esporte! Você representou o PD
com esmero, e deixou em nós Pder’s um gostinho de quero mais…

Parabéns Don, depois de ler sobre sua história, fico mais feliz ainda de estar me tornando cada dia mais sua amiga.
Você é um grande exemplo de perseverança!!

Novamente Parabéns!!

edit: PARABÉNS AO ZANII PELA ÓTIMA ENTREVISTA!!!

Diih Poker: Parabéns Don.

Cada Post, Texto ou Citações que você faz sobre o mundo do poker fico muito feliz
faz com que eu sempre venha ter vontade de estudar mais e mais ..

Como já disse a você eu sou eternamente grato a ti por me apresentar a essa galera
maravilhosa do PD e poder fazer Parte desta Família.

Mais uma vez Parabéns Don .

raphaelzani: Essa entrevista foi feita com muito cuidado por mim, gostaria que caso achem que faltou algo dêem sugestões, assim poderei aperfeiçoar para futuras entrevistas!

Quem sabe você que está lendo neste momento não será o próximo?

Aproveito e agradeço o Don pela paciência e por ter colaborado bastante para esta entrevista acontecer.

Marcelo: Mais uma vez te parabenizo Don! Somando todos os percalços e vitórias, tenho certeza que a experiência foi excelente para seu futuro no poker.

Marcelo: Essa entrevista foi feita com muito cuidado por mim, gostaria que caso achem que faltou algo dêem sugestões, assim poderei aperfeiçoar para futuras entrevistas!

Eu tinha esquecido de dizer isso, creditei devidamente.

Poker_Minsk: Sem me tornar repetitivo: Muitos Parabéns amigo Don! Concerteza voce é um exemplo. Essa experiência pode encorajar muita gente a se interessar ainda mais por este nosso desporto. Está bem patente que o sucesso é aliado do esforço e dedicação.

Quando as dificuldades são superadas com bastante esforço o resultado final tem ainda mais sabor!

Grande Abraço e Vamo que vamoooo!

Belkin876: Simplismente Fantástico DonVitche, assim como suas palavras.

DonVitche: Torno evidente a redundância dos meus agradecimentos a tantos e tantos testemunhos de carinho, mas não posso deixar de reiterá-los a este grupo de amigos que me parecem conhecer há muito. Espero que tenhamos a oportunidade de nos conhecer pessoalmente um dia.

E assim também aproveito para um up-zinho no post rsrsrsrsrsrs

Abraços!

Alves: Parabéns ae Don, tenho certeza que muitas outras conquistas virão, torço por você !

Flush: Poxa, grande Don! Que história bacana!

Sua humildade é um exemplo para todos nós. Contas com a minha torcida sempre.

MMGAMESS: Parabens don, você hoje é um exemplo, para nós que estamos começando no poker dicas.

“o sofrimento é passageiro, desistir é para sempre.”

em frente e sempre grande don.

Falcao 09: Excelente entrevista feita pelo Zani, de novo parabenizo o DON pelo grande feito e pela sua história de vida, muita experência a ser passada para nós :happy34:

ryok18: Parabénss Donnn, grande jogador de poker, grande historia de vida com certeza uma inspiração a todos nós do PD!!

Autor original: Marcelo.

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