Estou lendo um livro do Mario Livio, Brilliant Blunders: From Darwin to Einstein – Colossal Mistakes by Great Scientists That Changed Our Understanding of Life and the Universe. Como o título indica, é um estudo sobre como até mesmo os maiores cientistas da história cometeram grandes erros no decorrer dos seus trabalhos.
Em sua introdução, Livio escreve, “Nós frequentemente culpamos as causas erradas para os nossos fracassos. Por falar nisso, é um dos motivos pelos quais nós raramente aprendemos com os nossos erros.
Se você gastar mais do que algo em torno de cinco minutos dando uma volta pelo mundo do poker, acredito que você verá o rosto de cada jogador de poker refletido nessa realidade.
Certamente, então, o primeiro passo necessário para corrigir os erros no poker é entender corretamente o que deu errado.
Primeiro passo: Fazer o diagnóstico correto
O problema é que nós, jogadores de poker, como todos os humanos, achamos muito mais fácil culpar alguém – qualquer um – pelo que deu errado, do que pararmos para analisar fria e honestamente em como podemos ter sido responsáveis por isso.
Deixe-me mostrá-lo três exemplos dos tipos mais comuns de falhas no poker:
- Seu amigo te chama para reclamar sobre uma bad beat que o tirou de um torneio – mas ele não diz uma palavra sobre as decisões que o levaram a ficar com poucas fichas, e assim vulnerável a ser eliminado com a ocorrência de um simples carta ruim.
- Um jogador em sua mesa fica irritado quando um rapaz embriagado paga o seu blefe com uma mão inacreditável, por exemplo, um par baixo. “Como você pôde me pagar com isso?” ele reclama, com raiva. Você nota, entretanto, que ele não se culpa por subestimar a probabilidade que esse oponente tinha de pagar a aposta.
- Você vai do cassino para casa, ainda irritado por perder seu stack inteiro em uma situação de coin-flip. Você sente auto-piedade – “Eu nunca ganho flips” – impede você de se perguntar se poderia ter esperado por uma situação para colocar todo o seu dinheiro com uma chance de ganhar melhor do que 50%.
Seu médico tem poucas chances de salvá-lo de uma ruptura iminente do apêndice se ele concluir erroneamente que se trata apenas de uma indigestão para a qual você precisa de uma dose de Pepto-Bismol. Similarmente, você nunca irá consertar as falhas no seu jogo se você classificar o diagnóstico como pura sorte ou como falha no processo de decisão de outras pessoas. Depois de tudo, você não pode mudar o jogo ruim de outras pessoas nem mudar como as cartas serão distribuídas. O único fator que você pode alterar é como você joga.
Segundo passo: Ache a correção certa
Entendo que isso pareça óbvio, mas enquanto isso possa claramente óbvio de maneira geral, não é fácil de ser posto em prática.
Um rapaz com quem eu costumava jogar as vezes em Vegas tinha um estranho hábito de dar altos open raises preflop se, e somente se, ele tivesse par de AA – em torno de $50 no limit hold’em $1/$2. Uma vez ele era pago ou re-aumentado por um par de KK, mas de longe o resultado mais frequente era uma sequência de folds. Ele pegaria com felicidade os $3 em blinds, além de talvez algumas blinds de um ou dois limpers. Ele mostrava seu par de AA e dizia algo do tipo, “Se você quer quebrar isso, eu farei você pagar caro por isso”.
Ele estava convicto sobre o motivo para essa jogada: ele já estava cansado de perder grandes potes com par de AA, então ele havia decidido fazer o que diz o velho ditado, “É melhor ganhar um pote pequeno do que perder um grande”.
O problema, é claro, é que o jeito que ele usou para corrigir esse problema falha em maximizar os ganhos potenciais da melhor mão inicial no hold’em. O método escolhido por ele é, na verdade, próximo a 100% de eficiência em protegê-lo da dor de perder grandes potes com par de AA. Porém, esse não deveria ser o objetivo. A meta é maximizar o ganho médio das raras mãos premium. A solução é um desastre por esse ponto de vista.
Tudo bem, então você tem feito o diagnóstico certo e aplicado a correção certa, o que mais falta como terceiro passo?
Terceiro passo: Ouça outra opinião
Não é esperteza assumir que você analisou corretamente o problema e encontrou a solução perfeita para o mesmo. Nós somos muito melhores em identificar erros de outras pessoas do que os nossos.
Daniel Kahneman é um economista ganhador de um Prêmio Nobel que tem revolucionado o nosso entendimento sobre como as pessoas tomam decisões. Ele diz, “Eu não sou muito otimista sobre as habilidades de mudança das pessoas em mudar a sua maneira de pensar, mas eu sou bastante otimista sobre suas habilidades para detectar os problemas dos outros”.
Embora ele tenha feito desse princípio o assunto de um estudo científico, isso dificilmente é um novo conceito. Dois mil anos antes de Kahneman, nós já tínhamos o aforisma bíblico sobre ser capaz de ver um grão de poeira nos olhos do nosso vizinho enquanto não notamos uma viga no nosso.
Traduzido e adaptado de: Three Sure-Fire Steps to Improving Your Game Skills