Continuando com a nossa discussão sobre as várias jogadas do No-Limit Hold’em, o Float refere-se a um call feito depois do flop por um jogador que tenha uma mão fraca com a intenção de blefar em uma street posterior. Mais comumente o call ocorre no flop com um blefe ocorrendo no turn ou no river.
Por alto, a jogada do float é relativamente fácil de reconhecer – é pagar sem ter uma boa mão. Isso é algo que vemos o tempo todo, incluindo jogadores ruins, certo?
No entanto, a estratégia por trás do float é, na verdade, um pouco avançada, fazendo disso uma jogada que alguns jogadores iniciantes não necessariamente entendem muito bem quando tentam executá-lo. Em outras palavras, um “float” não é simplesmente um “call loose”, mas sim a primeira parte de uma estratégia que envolve mais de uma street.
Vamos falar um pouco mais sobre o que essa jogada representa, como ela funciona como uma jogada de contra-ataque eficaz versus continuation bets, além de outros benefícios a serem considerados quando fizer essa jogada.
A jogada do float: um exemplo
Você está em um torneio de No-Limit Hold’em e durante os primeiros níveis você nota que o jogador sentado a três assentos a sua direita tem sido bastante seletivo, apenas se envolvendo nas mãos ocasionalmente. Depois, com as blinds em 200/400 com 50 de ante, você o observa aumentar para 1.000 de uma posição intermediária. No botão, você recebe :Qs :Js e paga seu raise, os blinds desistem.
O flop vem :8c :7d :5s . O seu oponente continua a agressão com uma aposta de 1.400. Obviamente você não acertou o flop, mas você desconfia que o bordo provavelmente não acerta muitas das mãos que o vilão provavelmente pode ter. Ao invés de dar um raise por blefe aqui, no entanto, você decide apenas pagar com a intenção de apostar ou dar raise no turn ou no river – isso é, você dá float no flop pagando a aposta.
O turn então traz o :4s e quando o seu oponente não aposta, você aposta 3.000. Ele desiste.
A jogada do float: combatendo a continuation bet
Repare nos elementos que foram necessários para que a jogada do float fosse uma estratégia viável nessa mão:
- um oponente cauteloso capaz de desistir pós-flop;
- um bordo que tende a favorecer seu range de mãos versus à mão do seu oponente;
- você tem posição.
Se o seu oponente, de fato, tem duas grandes cartas sem pares, por exemplo, :Ac :Kh ou :Ad :Qd, seu call no flop será preocupante, sugerindo que você tenha acertado algo nesse bordo – pelo menos um draw. O turn torna a situação ainda menos confortáveis para o pré-flop raiser, adicionando outra carta baixa e até completando uma possível sequência para você.
O check do seu oponente no turn sinaliza fraqueza, tornando essa a situação perfeita para executar a segunda parte do float e blefar. É uma grande oportunidade para você pegar um bom pote sem ter uma mão feita.
Se você pensar sobre isso, o check no turn revela muito mais sobre a mão do seu oponente do que a aposta no flop revelou, o que poderia ter sido feita com uma grande variedade de mãos. Até jogadores tights e cautelosos são treinados para executar essa continuation bet depois de ter assumido a iniciativa pré-flop.
De fato, a jogada do float apareceu, em parte, por causa do aumento da frequência das continuation bets, uma jogada empregada para combater os “c-betadores” e não permitir que eles continuassem a conquistar muitos potes pós-flop sem alguma resistência.
A jogada do float e o semi-blefe
Enquanto é importante considerar a textura do bordo quando for aplicar o float, a sua mão não é tanto um problema. Comumente o float é melhor aplicado depois de ter errado completamente o bordo no flop, com “air” total, por alguns motivos.
Primeiramente, se você tiver feito um par baixo ou algum outro tipo de mão com um valor moderado que possa ser melhor que a do seu oponente, chegar ao showdown de uma forma barata pode ser uma boa linha a ser adotada no pós-flop. Nesse caso, você pode não querer pagar apostas e nem blefar com apostas ou raises para inflar o pote.
Enquanto isso, algumas vezes o float pode evoluir para algo mais dependendo de como o bordo venha. No exemplo acima, você pode ter notado como o turn trouxe um flush draw para você, fazendo o bordo :8c :7d :5s :4s quando você tinha :Qs :Js . Nesse caso, sua aposta por float também funciona como um semi-blefe, pois mesmo se o seu oponente pagar , você terá equidade no river (Você também possui uma mão bem disfarçada caso a terceira carta de espadas venha no river).
Você ainda tem apenas Q-high, é claro, assim como todos os semi-blefes, e um oponente desistindo é um cenário favorável.
A jogada do float e a posição
Como temos descrito aqui, o float normalmente é entendido como uma “jogada de posição” na qual você não está pensando muito sobre as cartas ou sobre a stack, mas apenas tomando vantagem de ter posição sobre um oponente. Agindo por último, você pode tornar as coisas desconfortáveis para seus oponentes mesmo apenas pagando suas apostas. Quando você toma a iniciativa posteriormente com uma aposta ou um raise, eles frequentemente precisarão ter uma mãos fortes para continuar na mão.
O float também pode ser feito fora de posição, embora isso tenda a ser uma variação menos frequente dessa jogada.
Conclusão
Para muitos jogadores o float deve ser usado com moderação – como é o caso com os blefes, genericamente falando. Isso também necessita ser executado de forma bem pensada, e não usada como um pretexto para simplesmente pagar com uma mão fraca com a esperança de que a próxima carta comunitária traga algo bom para você. Comece a encarar todos os seus calls loose como “floats” e você afundará em breve.
Artigo traduzido e adaptado do original: 10 More Hold’em Tips: The FIoat Play
