Quando alguns jogadores de no-limit hold’em pensam em “armadilhas”, eles imediatamente pensam em “slow play”. De fato, alguns irão igualar os dois, erroneamente acreditando que esta é a única maneira de preparar uma armadilha para um oponente depois do flop.
Preparar uma armadilha, na verdade, refere-se a uma estratégia mais ampla pós-flop que pode, mas não necessariamente envolve fazer um slow play. Você pode “preparar uma armadilha” e ainda jogar a mão “para frente” por apostar e aumentar for valor.
Preparando uma armadilha com o Slow Play
Todos nós estamos familiarizados com o slow play, uma estratégia que pode funcionar especialmente bem em certas situações, particularmente contra oponentes agressivos. É como se fosse o oposto de blefar. Ao invés de apostar com uma mão fraca, você dá check ou paga com uma mão forte, dando a impressão através da sua ação de que esteja com uma mão fraca.
Matthew Pitt descreveu uma mão que fornece um exemplo de alguém fazendo um slow play uma mão forte com o objetivo de ganhar o maior valor possível.
Restando oito jogadores no €5.300 High Roller, Enzo Del Piero aumentou com :8h :7h e foi pago por Pierre Neuville que estava nas blinds com :Jh :9h . O flop veio :9s :9d :Kd e Neuville fez trips. Ao invés de dar donk bet, ele escolheu dar check e permitir que o jogador que aumentou pré-flop desse uma continuation bet, e foi o que Del Piero fez.
Neuville apenas pagou a c-bet e deu check de novo depois de a carta do turn ter sido muito segura para sua mão, um :4c , deixando praticamente certo que sua trips de noves permaneciam como a melhor mão. Del Piero deu check behind desta vez e o river trouxe um Ac.
Com outras cartas que viessem no river Neuville poderia ter escolhido essa como a hora de fazer uma aposta. Porém, ele sabia que o As era provável que tivesse melhorado a mão de Del Piero para uma boa mão, mas, nesse caso, seria a segunda melhor mão. Caso essa carta não tivesse melhorado a mão dele, ela poderia encorajá-lo a blefar e representar ter o As em sua mão. Neuville, portanto, deu check de novo e Del Piero caiu na armadilha por ter ido all-in.
Neuville pagou, ganhou o pote e eliminou Del Piero.
Preparando uma armadilha através de uma aposta
Enquanto esse certamente foi um exemplo de um slow play, o call de Neuville no raise com Jh9h ilustra o princípio chave da “armadilha” – jogar com uma mão especulativa e depois encontrar uma maneira de extrair o valor máximo quando a mão acerta bem o bordo.
Tais exemplos de armadilhas podem começar de vários maneiras. Um jogador pode escolher abrir uma mão com :Jh :9h – a “suited one-gapper” com potencial de flopar um flush ou pedidas de sequência. Suited conectors (por exemplo, :Qd :Jd , :9s :8s e etc.) e pares baixos também se classificam como mãos especulativas que precisam melhorar no pós-flop para superar mãos iniciais mais fortes.
Quando tais mãos melhoram, a probabilidade do seu valor de ganhos aumenta, pois seus oponentes comumente pensam primeiro nas mãos iniciais mais fortes quando outros aumentam pré-flop. Especialmente se você tiver cultivado algum tipo de imagem tight, seu raise com :Jh :9h e o flop vier :Th :8d :4h , seu oponente não irá necessariamente perceber o quão bem aquele bordo acertou a sua mão (dando a você tanto uma pedida de sequência quanto uma pedida de flush). Ou se você aumentar com :6d :5d e o flop vier :9c :5s :5h – um bordo que parece desencorajador para um raiser pré-flop segurando cartas broadway.
Em tais casos, continuation bets são mais prováveis de serem pagas, assim como suas apostas no turn/river com você podendo extrair ainda mais valor. A “armadilha” aqui é alcançada não por fazer slow play na mão, mas por apostar e/ou aumentar com ela.
Uma mão como essa mostra-se benéfica de outras maneiras, já que também afeta a sua imagem. Você aumentou com 65 e, além disso, apostou pós-flop? Alguns oponentes não irão perceber o quão essas apostas eram por valor, ao invés disso, se lembrarão do que pareceu ser uma jogada pré-flop muito loose. Na verdade, você pode ser tight, mas agora você parece loose e, além disso, está se preparando bem para ganhar ação quando aumentar com uma mão inicial realmente forte.
Ir em frente e apostar depois de ter acertado um set com um par pequeno é outra maneira de preparar uma armadilha para o seu oponente lhe pagar. Você tem :4d :4c e o flop vem :Qc :9d :4s . Em alguns casos utilizar do slow play pode ser a alternativa correta, mas em outros ir em frente e apostar será ainda mais ilusório e, assim, uma “armadilha” mais efetiva para pegar um oponente.
Por mais que tenha sido alcançada, preparar uma armadilha significa sub-representar a força da sua mão para que encoraje os oponentes a investir suas fichas quando você os têm batidos. Porém, fazer slow play – isso é, dar check e pagar – não é a única maneira de sub-representar a mão. Apostar também pode demonstrar fraqueza, em certas situações, e, assim, passar uma mensagem de que você não está tão forte quanto realmente está.
Dar continuation bets em flops “secos” que parecem improváveis que tenham acertado a mão com a qual você tenha aumentado antes do flop é um exemplo. Então, também, pode “donk betar” – liderando com uma aposta fora de posição depois de pagar um raise pré-flop – em um flop com draws que possa ter acertado bem a sua mão. Até mesmo um check-raise pós-flop, comumente uma jogada muito agressiva que sinaliza força pode, em certas ocasiões, ser considerada como sugerindo fraqueza, interpretada como um blefe ao invés de ser vista como uma tentativa genuína de construir um pote.
Conclusão
Fazer um slow play pode ser uma forma efetiva de quando grandes potes, especialmente contra jogadores agressivos. Porém, lembre-se que há outras maneiras de preparar uma armadilha, também, o que inclui apostar com mãos fortes em situações onde suas apostas possam parecer mais como blefes do que como valor.
Artigo traduzido & adaptado do original: There Are Other Ways to Trap Than by Slow Playing