Enganando a si mesmo: Como alguns truques mentais podem destruir você

Voltando a 2005, Doyle Brunson, membro do Hall da Fama do Poker, publicou um artigo no qual ele falou sobre alguns “truques mentais” que funcionaram para ele e alguns que não funcionaram.

Doyle Brunson em: Truques MentaisNesse artigo, Brunson conta a história de um homem chamado Keith que parecia ter alcançado ótimos resultados no poker se enchendo de confiança e pensamentos positivos antes de entrar nos jogos. Porém, depois de um tempo, isso não foi suficiente para ele, então ele decidiu ampliar o nível do seus truques mentais.

“Então ele decidiu que jogaria ainda melhor se ele pudesse convencer a si mesmo de que estava perdendo um pouco no começo da session,” escreve Brunson. “Dessa maneira, ele acha, que estaria ainda mais determinado à vencer até que eliminasse as perdas. Até mesmo esse truque mental parecia funcionar para ele – por enquanto.”

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“Um dia, ele tentou o seu maior truque psicológico até então,” escreve Brunson. “Ele gastou horas se convencendo de que estava negativo em $100.000 em um jogo de $300 – limit hold’em. Claramente ele estava dentro de sua própria fantasia, porque quando ele ganhou o primeiro pote e estava lucrando $2.000, em sua mente ele ainda estava com um prejuízo de $98.000 e ainda parecia desesperado. Foi quando ele foi desintegrado como grama espremida entre seus dedos durante uma seca. Em menos de dois dias ele havia perdido sua banca. Tudo havia acabado.”

Como Doyle conclui a história dos truques mentais de Keith

Brunson conclui a história do pobre Keith dessa maneira:

“Pessoalmente, atenho-me a fatos simples e deixo truques mentais mais elaborados para os mais aventurados – como Keith. Jogadores de poker devem ter fé em suas próprias habilidade. Isso ajuda. É assim que encaro isso.”

Não é necessário muita coragem para eu admitir que concordo com Doyle Brunson no que tange a jogar um bom poker. Concordo que uma atitude de auto confiança é muito mais construtiva para melhorar o jogo do que um pensamento pessimista, por exemplo, “Estou destinado a perder.”

Acredito que os truques mentais do Keith foram se perdendo de duas maneiras.

O primeiro limite ultrapassado por Keith foi tentar acreditar em algo que não era verdade e que ele sabia que não era verdade.

Como eu tenho comentado muitas vezes nos artigos anteriores, nós seres humanos temos uma incrível capacidade em nos decepcionar. Eu até mesmo já defendi uma forma de auto decepção, especialmente quando blefamos, onde sugeri que você deve dizer a si mesmo coisas que você estaria dizendo a si mesmo se você, na verdade, estivesse com o nuts.

O objetivo de fazer isso é fazer com que a sua linguagem corporal demonstre confiança de uma forma mais natural do que se estivesse deliberadamente tentando forçar isso. O real objetivo é enganar o oponente, e não a si mesmo.

O truque de Keith não era dessa natureza

Sua tentativa de auto decepção não estava enganando seu oponente, mas sim a si mesmo.

É difícil convencer a si mesmo sobre algo que você sabe não ser verdade. Conheço várias pessoas que adiantam seus relógios em cinco, dez ou quinze minutos para compensar suas tendências de estar constantemente atrasadas. Isso não funciona, pois você não consegue se esquecer que adiantou o seu relógio. O que ocorre é que você acaba fazendo um ajuste mental pela diferença que você sabe existir entre a hora exibida e a hora real.

Você pode argumentar que Keith, aparentemente foi bem sucedido em se enganar e acreditar que estava perdendo muito. Não, eu não acredito que ele estivesse, mas isso leva ao meu segundo ponto sobre o que ele fez de errado.

A suposição não declarada por trás de suas tentativas de se auto decepcionar era de que ele jogaria de forma diferente se pudesse se convencer que estava jogando para recuperar o prejuízo. Isso é terrivelmente desorientador.

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Você deveria jogar cada mão de forma otimizada

A primeira coisa errada com isso é que o seu hábito rigoroso deveria ser jogar cada mão de forma otimizada, não importando se está ganhando, perdendo, ou como começou a sessão.

É claro que há alguns aspectos de metagame quando se está ganhando ou perdendo, por exemplo, como está a sua imagem na mesa. Porém, esses são fatores secundários a serem considerados aplicados apenas depois de saber qual seria a jogada certa a ser feita em sua ausência. Isso não deveria ser verdade que você geralmente jogue diferente quando está perdendo e quando está vencendo.

A segunda coisa errada com os truques mentais de Keith é a falha em reconhecer que, assumindo que ele e outros joguem diferente quando estão tentando reverter um prejuízo, isso quase sempre será o caso de jogarem pior, e não melhor. Isso tende a piorar as coisas, uma jogada desesperada que se baseia não em paciência e habilidade, mas em ter mais sorte do que as estatísticas apontam que você pode esperar, e em blefar mais frequentemente do que você pode realisticamente esperar conseguir.

Isso é o que é perverso sobre os truques mentais de Keith. Não é que ele realmente tenha se convencido de que estava no fundo do poço, mas que tenha feito a si mesmo jogar fora do seu A-game, e a jogar seu B-, C-, ou D-game.

Imagine se ele tivesse feito o oposto – convencido a si mesmo a acreditar, de alguma maneira, de que ele já estava ganhando $100.000 no jogo. Como ele estaria jogando?

Naturalmente, ele estaria jogando com muita confiança, sem medo de perder pequenas frações de sua imensa bankroll.

Vale lembrar que você também não deve jogar de forma descomprometida

Porém, assumindo que você esteja jogando dentro das recomendações para uma banca padrão, essa deveria ser sempre a sua atitude. Essas fichas são meras ferramentas para conseguir mais fichas. Elas não possuem outro valor. Se você perdê-las depois de ter tomado boas decisões, não importa – há muito mais de onde elas vieram.

Isso não significa, é claro, que você jogue de forma descomprometida. Porém, isso significa que você jogue sem medo, o que não é de maneira nenhuma a mesma coisa. Isso significa que você avalia cada decisão baseando-se em qual ação possui o maior valor esperado. Nessa abordagem mental, não há lugar para preocupações, por exemplo, “mas eu posso perder!”

Agora, tenho algumas dúvidas sobre como uma pessoa possa se convencer profundamente sobre estar ganhando $100.000 quando isso, na verdade, não é real. Porém, até o ponto em que isso pode ser feito, a perspectiva resultante no jogo deveria ser, na pior das hipóteses, neutra, e, no máximo, benéfica.

Pessoalmente, no entanto, acredito que quase sempre seja um erro tentar se convencer de qualquer “fato” que seja contrário à realidade.

Se você quer experimentar uma abordagem mental intencionalmente, deixe-me conduzi-lo para fora da que foi utilizada por Keith e em direção ao jogador de poker e autor Charlie Shoten. Ele tem recomendado esse mantra para os jogadores de poker a muito tempo: “Estou calmo, confiante, claro, e espero a minha melhor opção aparecer depois de considerar todas as minhas escolhas e as consequências de cada uma delas. Quando a minha melhor opção aparece, eu ajo.”

Artigo traduzido e adaptado do original: Fooling Yourself: Doyle Brunson on How Some Mind Games Can Wreck You

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