Entendendo as apostas altas (Overbets)

“Por que apostar tanto?” Essa é uma das perguntas mais comuns que escuto nas mesas de poker (em jogos com apostas altas, pelo menos). Mas como a maioria das informações que conseguimos, essa linha de pensamento parece levar a pessoa a se perder tão frequentemente quanto leva à alguma jogada boa.

A ideia parece ser que uma aposta alta requer alguma explicação, ou que algumas apostas são “normais” ou “padrões”, e não valem muito, enquanto outras que são grandes ou pequenas contém mais informações sobre a mão do oponente que as “normais”.

No entanto, diferentes jogadores interpretam esses padrões de forma diferente. Algumas pessoas tendem a assumir que apostas altas geralmente significam blefes, porém, já vi esse tipo de aposta sendo aplicadas por valor, em momentos onde, pela lógica, uma aposta por valor seria melhor. Outros jogadores assumem que apostas grandes sempre significam mãos fortes.

Para ser honesto, não há uma verdade absoluta no que diz respeito ao que os tamanhos de apostas revelam. Muitos jogadores realmente se restringem a apostar dentro de alguns padrões em relação ao pote, geralmente 50 a 80%, e desviam desses tamanho apenas por razões muito específicas. Se você conseguir determinar essas razões, poderá determinar a força das mãos de seus oponentes com um alto nível de precisão.

Porém, há muitas situações onde apostas muito altas, ou muito baixas, não significam algo em particular. Elas podem facilmente ser feitas com um range balanceado, de uma forma que não traga nada negativo ao jogador, se comparado aos outros tamanhos de aposta que ele poderia empregar. Aprender a distinguir entre situações onde apostas altas podem ser balanceadas e situações onde elas não podem, é chave para determinar se seu oponente está revelando algo em particular ao apostar este valor e não outro.

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Apostas altas geralmente partem de um range mais polarizado

A coisa mais importante a se reconhecer é que apostas altas geralmente requerem um range mais polarizado. Intuitivamente, isto faz sentido. Se você fizer uma aposta que é pequena em relação ao pote, as odds farão seu oponente pagar mesmo com mãos relativamente fracas, o que significa que você não precisa de uma mão forte para estar à frente do range de call. Se você apostar mais que o pote, então seu oponente precisa pagar tão frequentemente, e quando ele pagar, é porque tem uma mão forte. Consequentemente, você pode fazer essa aposta por valor com mãos muito fortes ou como blefe com mãos fracas, mas não pode extrair valor com mãos medianas.

O que causa mais confusão aqui é quando as pessoas assumem que ranges polarizados são, necessariamente, fracos. É muito mais fácil fazer uma mão fraca do que uma mão forte, a lógica diz, então, se você consegue saber se eu tenho uma ou a outra, você não deveria esperar que eu tenha a primeira muito mais vezes do que a segunda?

Não necessariamente, por duas razões. A primeira é que, mesmo que eu tenha mais mãos fracas possíveis de se formarem, eu posso dar check quando quiser com elas. Posso chegar ao river com 80% das cartas ruins ou com 3% dos monstros e ainda fazer uma overbet balanceada ao dar check com a maioria das mãos ruins.

Não é difícil construir um cenário onde você deveria preferir dar fold em mãos boas de pegar blefe frente à essa aposta. Suponha que um jogador obviamente recreacional mal jogou um ou dois potes nas últimas horas. Depois de dar check no big blind e dar check duas vezes no board :Kd :7c :7h :5s , ele, do nada, vai all-in com um valor várias vezes maior que o pote, em um river que mostra :2c . Ele nunca teve uma chance de dar fold em sua mão ruim, então, ele teve uma boa oportunidade para melhorar sua mão, e agora pode aplicar uma aposta balanceada, ou uma desbalanceada, se ele achar que está frente a um blefe. Aqui, eu desistiria de mãos como 76 sem hesitar, frente a esse all-in.

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Vale lembrar que nem sempre é fácil ter mãos fracas

O segundo problema com essa lógica é que nem sempre é fácil ter mãos fracas. Suponha que um jogador tenha pago uma aposta alta em um board :Ad :9d :6s :2h . O river vem :Td , e agora ele dá um overbet. Mesmo que você conclua que ele ou está blefando ou está apostando por valor com uma mão excelente, você pode facilmente desistir de um set. Ao pagar apostas altas no flop e no turn, este jogador está lhe falando que ele ou tem uma com um alto valor de showdown ou um draw muito bom. No river, basicamente todos draws podem se completar ali, e as outras mãos que ele pode estar segurando provavelmente tem muito valor de showdown para transformá-las em blefe. Assim, ele terá uma sequência ou um flush muito frequentemente para você pagar puramente com uma mão pega-blefes.

Jogadores que não conseguem dar fold em um set frequentemente dirão a si mesmo que seu oponente poderia ter AK ou A9, então pode ser vantajoso entrar em mais detalhes do porquê que você não deveria esperar ver este tipo de mão em apostas altas como esta. Elas são, sem dúvida, mãos fortes, talvez fortes o suficiente para apostar por valor em muitas situações. Aqui, no entanto, seu oponente tem tantas mãos fortes e tão poucos blefes em seu range que você não tem incentivo para pagar uma overbet com mãos que perderiam para A9. Apesar de tudo, estamos falando sobre como desistir de uma mão pode ser vantajoso.

Isso nos traz a outra potencial objeção: será que seu oponente poderia estar transformando AK em um blefe? É possível, mas é improvável que esta seja uma jogada vantajosa para ele. E se for, provavelmente há formas melhoras para você levar vantagem sobre isso.

Para deixar seu oponente indiferente ao blefe, você precisa pagar ou aumentar com frequência suficiente para que o EV do blefe dele seja o mesmo do EV de dar check. Quando seu oponente está segurando uma mão que não tem valor de showdown, o EV de dar check é 0, assim, você deve pagar com uma frequência igual ao tamanho da aposta dividido pelo valor do pote, para que o EV do blefe seja, também, 0.

No entanto, se o EV de dar check for maior que 0, o que provavelmente é verdade neste caso, então você não deveria pagar muito frequentemente. Se você pagar com uma frequência que faça o blefe com AK ter um EV de 0, então você estará sendo explorado por um oponente que dá check, pois essa jogada o dará um EV maior que blefar.

Porém, digamos que seu oponente cometa um erro e blefe com AK, mesmo que o check seja uma jogada melhor contra o seu range. Se você sabia que ele teria AK no range de apostas, isso significa que você deveria pagar com seu set?

Mas, afinal. Vale a pena tentar pegar um blefe neste cenário?

Novamente, não necessariamente. A mera possibilidade de blefar não é suficiente para garantir a vitória de uma mão pega-blefes. Você deve considerar se existem blefes suficientes para compensar você pelas muitas mãos fortes que ele poderia estar segurando.

Se seu oponente realmente está transformando muitas mãos fortes em blefes, após você dar check no river, então, enquanto for correto pagar com seu set, você deve considerar outras adaptações. Este jogador provavelmente está te incentivando a dar check com todas suas mãos fortes no river. Ao invés de apostar metade do pote quando tiver o flush, e rezar para alguém com top pair pagar, você deveria dar check e deixar ele dar um overbet com seu mísero par maior.

Claro que isso requer o planejamento de uma estratégia que vá de encontro com suas informações sobre seu oponente, e em como ele normalmente pode jogar errado antes de agir no river. A razão que pela qual estou sempre desconfiado de argumentos como “Talvez ele esteja transformando AK em um blefe!”, é que eles caem na lógica do post, ou seja, “depois disso, logo causado por isso”. Uma coisa é dizer que “Se eu der check neste set, ele dará uma overbet com AK e eu posso pagar”. Agora, outra é dar check, levar uma overbet na cara e apenas então decidir que ele tem AK. Este último exemplo se parece muito com quando você está procurando uma desculpa para fazer o que, fundamentalmente, é um call baseado apenas em curiosidade e frustração.

Os exemplos acima são casos onde é difícil ou impossível balancear uma overbet de forma rentável. Ou o jogador não tem blefes suficientes disponíveis ou ele tem mais opções rentáveis com a mão do que apenas usá-la como blefe.

Em outras situações, no entanto, uma overbet não precisa ser necessariamente entendida como uma mão forte ou uma fraca. Suponha que o botão, que foi o agressor pré flop, aposte no flop e no river, em cima de um jogador que pagou pré flop do BB. O board mostra :Ad :Kh :5c :9c , e ele shova all in no river :2d .

Neste caso, os ranges de ambos jogadores provavelmente são amplos o suficiente para deixar o botão confortável para dar um overbet mesmo com uma mão apenas boa, como dois pares, por valor. Isto acontece porque, como ele aumentou do botão, tem também muitos blefes disponíveis, o que significa que o big blind não pode desistir de uma mão como AT de forma trivial, frente a um shove no river. Isto é particularmente verdade quando o big blind tem pouco ou nenhum AA, KK ou AK em seu range de call pré flop.

Conclusão

Claro que, contra um jogador em particular, você pode muito bem ser capaz de pagar ou de desistir de forma a explorar seu adversário. Porém, ao contrário dos exemplos anteriores, aqui não há necessariamente uma situação em que você tira vantagem. Você pode apenas ser indiferente ou quase indiferente com a maioria do seu range. Este é o tipo de situação em que jogadores excelentes sabem tirar muito proveito, e como uma bad beat pré flop, não há nada que você possa fazer, exceto encolher os ombros e aceitar.

Às vezes, a resposta à pergunta “Por que apostar tanto?” é simples, “Porque essa é uma situação favorável para dar overbet com um range balanceado.”

Artigo traduzido e adaptado do original: Why so Much?

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